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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

giselle beiguelman, 2004



//**Code_UP investigates digital images particularities and interrogates the role of the code in the meaning construction.

The research is based on a conceptual dialogue with "Blow up" (1966), by Michelangelo Antonioni, one of the deepest discussions ever made on the nature and the place of the image in contemporary culture, permanence and transitory, and on how we deal with the visible and the invisible phenomena.

The film tells the story of a photographer (Thomas, interpreted by David Hemmings) who may registered, by chance, a crime in a park. On developing his pictures he is startled to find what appears to be a man with a gun in the bushes and, in a later shot, a body.

Rushing back to the park in the middle of the night he finds the body, but on his return to the studio all his pictures have disappeared. When he returns to the park in the morning the body, too, has gone and Antonioni seems to say: It all might never have happened?

His investigation about the crime is made through successive magnifications of the photographic registers he shot accidentally.

In this process the picture appears in its essence, reduced to its materiality: nitrate of silver grains on paper. In other words, the image was not there and Antonioni now seems to ask us: what you see is what you get?

In short, we can say Thomas could not interpret images. His superficiality allowed him just to see photographies. He trusted the technical devices (which are tools), but could not deal with technology as production of knowledge.

In //**Code_UP I reproduced Thomas movements, working on the same images he developed in the film, blowing them up using programs that perform algorithmic zooms, allowing manipulation of the RGB values, exploration of the pixel and screen structure and their translation into different numeric systems and codes (hexadecimal, binary, ascii).

Reproducing Thomas' procedures in his investigation, but reverting his point of view, paying attention to the invisible dimension of the image, establishes the conceptual dialogue with Antonioni. At the same time it opens the possibility to interrogate the image construction in the context of new technologies of seeing and perceiving.



Code-me UP: Conceito

Trata-se de uma investigação sobre a transformação das imagens em interface que interroga o papel do código algorítmico na construção da visualidade e explora os processos de desmaterialização/recomposição da identidade, via imagem, em redes sociais.

Parte-se aqui de um diálogo conceitual com o filme Blow Up (Antonioni, 1966) para operar uma releitura dos ensaios seminais de Vilém Flusser sobre fotografia em forma de experiência estética.

A partir de um embate com os parâmetros estruturais de construção da imagem digital – pixel e codificação numérica da cor – procura-se diluir seus segredos (interpretados aqui como sua caixa silícia, uma atualização da caixa preta flusseriana), colocando suas rotinas de programação em circulação. Isso é feito utilizando os recursos mais comuns de produção e publicação de imagens na web, como MMS e Flickr, e sistemas complexos de programação que transformam as variáveis das imagens em sistemas abertos para fruição de suas linhas de comando/

Operação

O projeto permite que se enviem fotos, via MMS ou Internet, de qualquer dispositivo com conexão (celular, câmera fotográfica, computador) para um servidor que recebe os arquivos, envia-os para o Flickr do projeto, processa o aplicativo “silverbox” e, simultaneamente, os disponibiliza na web e em forma de projeção no recinto expositivo.

Desenvolvido com Processing e baseado em servidor Windows ou Linux, esse aplicativo transforma a imagem em uma interface imersiva e navegável. A partir da conversão da codificação numérica de cor em medidas de altura, o aplicativo “silverbox” associa a cada pixel, uma linha projetada tridimensionalmente, cuja medida é calculada pela soma dos parâmetros RGB (Red, Green e Blue) da imagem.

O envio de fotos para o recinto expositivo pode ser feito localmente, com o uso de equipamentos pessoais dos visitantes, ou remotamente pela Internet. O resultado são matrizes móveis inusitadas que são retroalimentadas pela dinâmica que se estabelece no Flickr do projeto.

Essa interação, feita a partir da simbiose entre celulares e a Internet, permite não só uma escala de participação planetária no recinto expositivo, mesclando públicos de diversas naturezas, como também gera um arquivo permanente das diversas intervenções do público que é disponibilizado no site do projeto e pode ser reciclado pela ação do público continuamente.

Não menos relevante é o design do sistema que se adequa às configurações dos equipamentos dos participantes, fazendo automaticamente a renomeação e o resize das imagens e o formato open source do aplicativo, disponível para download em nosso site.

Inconclusão necessária

Ao centralizar a ação nas formas mais comuns de produção e publicação de imagens e transformar esse acesso numa surpresa estética (agenciada por uma rotina de programação possível de ser executada pelas regras da “caixa sílica”, mas que não era previsível) o projeto se abre em direção a uma reprogramação dos sentidos. Aproxima-se assim, de uma filosofia das imagens técnicas que pressupõe o “Outro” como destino de uma rota em constante bifurcação e nó provisório de um infinito Youniverse.