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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

contato esponjoso na UFU





Meu pensamento é estimulado por um dispositivo (político) do desejo artístico e hoje o projeto se tornou outro, em função da situação de devir constante da obra. Trabalho em continuidade, em transformação, pois pede outros corpos para habitar. Estou aberta para ter dentro de mim vários corpos sensíveis? Como serão os próximos contatos porosos? O que foi esse esponjamento durante o curso e como está o trabalho hoje? Existe agora um campo de forças entre obra e artista, um circuito de sensações que me habita e estimula a investigação dos processos vivos de arte, principalmente pela sua mutação constante e situação de devir outro.
Apenas amamos aquilo que não possuímos por completo.
PROUST, Marcel (1871 – 1922).




Às vezes a criação artística fica muito bem delimitada no seu plano visível de acontecimento e consequentemente, não permite um aproveitamento satisfatório do potencial do trabalho em gênese. É no plano invisível, igualmente real, embora menos óbvio onde o trabalho se manifesta através de uma textura ontológica: neste, fluxos de uma composição atual se misturam com outros fluxos, gerando outras composições. Por isso a forma do trabalho é múltipla e se transforma a cada momento, de acordo com os desejos políticos da criação. Agora que os caminhos estão vivos opto pelo rompimento do equilíbrio da figura de artista e passo a vivenciar um contato plenamente esponjoso e rico em estranhamento à atual consistência subjetiva. É esse estado de criação de um novo corpo na minha existência, no modo de sentir, de pensar e agir que impulsiona uma nova fase do trabalho. Ativada a memória viva das sensações, mobilizo a potência do pensamento para inventar direções de sentido e chego à estrutura dinâmica do recurso audiovisual. Vou caminhar agora sentindo as vibrações do espaço ao redor, percebendo como são as trilhas dos desejos. Descobrindo territórios inabitados, circulando em espaços movediços, aproximando de lugares impossíveis, chegando a outros lugares.