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sexta-feira, 27 de março de 2015

Ranciere p.8

Diderot - o filho natural
– Se o senhor está convencido, disse-me ele, de que seja uma tragédia, e de que exista entre a tragédia e a comédia um gênero intermediário, então estamos entre dois ramos do gênero dramático ainda incultivados e que apenas esperam pelos autores. Faça comédias num gênero sério; faça tragédias domésticas e tenha certeza de que lhe estão reservados aplausos e imortalidade. Sobretudo, deixe de lado os golpes teatrais. Procure quadros; aproxime-se da vida real e tenha, antes de mais nada, um espaço que permita o exercício da pantomima em toda a sua amplitude. […] O que torna uma peça cômica, séria ou trágica é menos o tema e mais o tom, as paixões, os personagens e o interesse. Os efeitos do amor, do ciúme, do jogo, da vida desregrada, da ambição, do ódio, da inveja podem fazer rir, refletir ou tremer – argumenta Diderot neste Filho Natural do Iluminismo do século XVIII e de seu sentimentalismo pré-romântico, que antecipam, com a visão de seu gênio, não só as entregas novelescas do drama burguês e do melodrama ou as vivências poéticas do Romantismo, como toda uma tendência que levará o teatro para o palco da modernidade.