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terça-feira, 28 de julho de 2009

spencer tunick +++ roteiro perguntas

Quase tudo do pouco que conhecemos nos chega via tecnologias da informação e comunicação. Imagens para entreter, vender, com mensagens sobre o que devemos vestir, comer, aparentar, pensar. Fabris (1998) nos auxilia a compreender o interesse pelo visual no mundo contemporâneo. A autora observa que a imagem especular, própria do Renascimento, não é, apenas, resultado de uma ação artística, mas sim fruto de um cruzamento entre arte e ciência. A perspectiva é bem mais do que a aplicação de leis geométricas e matemáticas, ela é um modelo de organização e racionalização de um espaço hierárquico. É a possibilidade de estruturar o espaço a partir de um determinado ponto de vista, aquele de um sujeito onisciente, capaz de tudo dominar e determinar.

Esta autora destaca que o lapso de tempo no qual o artista do Renascimento organizava uma nova visualidade coincide com o desenvolvimento da imprensa, com um novo modo de armazenar e distribuir um conhecimento interessado na preservação do passado e na difusão do presente.

Esse período buscava um novo estilo cognitivo baseado na demonstração visual. As imagens com perspectiva tentavam tornar o mundo compreensível à poderosa figura que permanecia em pé, no centro da imagem, no único ponto a partir do qual era desenhada. Esse estilo cognitivo se estendeu até a fotografia, mas como as tecnologias disponíveis no mundo contemporâneo redefinem os conceitos de espaço, tempo, memória, produção e distribuição do conhecimento, estamos em um momento que busca uma outra epistemologia e se necessitamos de outro modo de pensamento, conseqüentemente também necessitamos de outra visualidade.

As freqüentes mudanças de expressões e conceitos próprios da natureza das artes visuais na contemporaneidade podem trazer dúvidas quanto à aplicabilidade das propostas didáticas para o currículo escolar no ensino fundamental e médio baseadas em propostas como os Pcns.

O professor poderá propor análises de imagem, sempre partindo de recortes dentre obras de um artista ou de uma temática, assunto ou técnica. Com o objetivo de refletir sobre nossa formação como docentes, segue abaixo a sugestão de um roteiro de perguntas para leitura de imagens em artes visuais:

1. Por quem essa imagem foi produzida? Para quem? E por quê?

2. Você já viu outro trabalho desse artista? Que dados históricos você conhece sobre ele?

3. Em que lugar este trabalho pode ser/ foi apresentado ao público?

4. Que tipo de registro temos do processo de construção dessa obra e qual é a sua relevância?

5. Esta imagem é familiar a você em quais aspectos?

6. Além do conteúdo formal da imagem, o que ela te faz pensar? O que ela sugere?

7. De qual ponto de vista o autor dessa obra contempla a realidade? (acima, abaixo, esquerda, direita)

8. Que sensações nos produzem as estratégias gestuais e cenográficas da imagem? (gestos, vestuário, maquiagem, cenário)

9. Sobre o aspecto lumínico: as figuras são apresentadas de maneira irreal ou com deformações inquietantes? (de cima para baixo, de baixo para cima, frontal)

10. Que símbolos você identifica na imagem? (convenções como pomba simboliza a paz, caveira, a morte)

11. Como a imagem se configura graficamente? (de perto, de longe, contorno, delineamento, recursos técnicos)

12. Que relações você estabelece com a imagem? (relações espaciais, aproximação com a obra, a imaginação e os sentimentos como campos que tecem o itinerário argumentativo do conhecimento)

13. Você percebe a imagem como apresentação de uma determinada realidade ou a alteração da realidade?

segunda-feira, 27 de julho de 2009

christo javacheff ++++ leitura de imagens







Leitura de imagens e cultura visual:
desenredando conceitos para a
prática educativa*
Image reading and critical understanding of
the visual culture: unraveling concepts
Maria Emilia Sardelich **

RESUMO
Quase tudo do pouco que conhecemos, em relação ao conhecimento produzido,
nos chega pelos meios de informação e comunicação. Estes, por sua
vez, também constroem imagens do mundo. Imagens para deleitar, entreter,
vender, com mensagens sobre o que devemos vestir, comer, aparentar, pensar.
Em nossa sociedade contemporânea discute-se a necessidade de uma
alfabetização visual que se expressa em várias designações como: leitura
de imagens e compreensão crítica da cultura visual. Freqüentes mudanças
de expressões e conceitos difi cultam o entendimento dessas propostas
para o currículo escolar, a defi nição do/a professor/a responsável por tal
conhecimento e o referencial teórico do mesmo. Este artigo apresenta os
conceitos que fundamentam as propostas da leitura de imagens e cultura
visual, sinalizando suas proximidades e distâncias. Contrasta alguns referenciais
teóricos da antropologia, arte, educação, história, sociologia, e
sugere linhas de trabalho em ambientes de aprendizagem com o intuito de
refl etir sobre nossa permanente formação como docentes.
Palavras-chave: leitura; leitura de imagens; artefato visual; cultura visual.


Introdução
Na vida contemporânea, quase tudo do pouco que conhecemos, em
relação ao conhecimento produzido, nos chega via Tecnologias da Informação
e Comunicação (TICs) que, por sua vez, constroem imagens do mundo.
Nômades em nossas próprias casas, capturamos imagens, muitas vezes, sem
modelo, sem fundo, cópias de cópias, no cruzamento de inúmeras signifi cações.
Imagens para deleitar, entreter, vender, que nos dizem sobre o que vestir,
comer, aparentar, pensar.
O crescente interesse pelo visual tem levado historiadoras/es, antropólogas/
os, sociólogas/os e educadoras/es a discutirem sobre as imagens e
a necessidade de uma alfabetização visual, que se expressa em diferentes
designações, entre outras as de leitura de imagens e cultura visual. Podemos
nos perguntar sobre o porquê de uma “cultura” visual? Essa cultura exclui o
não-visual e ou aqueles privados desse sentido? A proposta da cultura visual
é a mesma da leitura de imagens? Podemos utilizar as duas expressões como
sinônimos? Que professor/a pode desenvolver essas atividades no contexto
escolar? A cultura visual não será mais uma, entre tantas outras expressões,
para confundir as/os professoras/es?
Fabris (1998) nos auxilia a compreender o interesse pelo visual no mundo
SARDELICH, M. E. Leitura de imagens e cultura visual...
Educar, Curitiba, n. 27, p. 203-219, 2006. Editora UFPR 205
contemporâneo. A autora oberva que a imagem especular, própria do Renascimento,
não é, apenas, resultado de uma ação artística, mas sim fruto de um
cruzamento entre arte e ciência. A perspectiva é bem mais do que a aplicação
de leis geométricas e matemáticas, ela é um modelo de organização e racionalização
de um espaço hierárquico. É a possibilidade de estruturar o espaço
a partir de um determinado ponto de vista, aquele de um sujeito onisciente,
capaz de tudo dominar e determinar. Esta autora destaca que o lapso de tempo
no qual o artista do Renascimento organizava uma nova visualidade coincide
com o desenvolvimento da imprensa, com um novo modo de armazenar e
distribuir um conhecimento interessado na preservação do passado e na difusão
do presente. Esse período buscava um novo estilo cognitivo baseado na
demonstração visual. As imagens com perspectiva tentavam tornar o mundo
compreensível à poderosa fi gura que permanecia em pé, no centro da imagem,
no único ponto a partir do qual era desenhada. Esse estilo cognitivo se estendeu
até a fotografi a e a vídeo eletrônica, mas como as tecnologias disponíveis no
mundo contemporâneo redefi nem os conceitos de espaço, tempo, memória,
produção e distribuição do conhecimento, estamos em um momento que busca
uma outra epistemologia e se necessitamos de outro modo de pensamento,
conseqüentemente também necessitamos de outra visualidade.
Assim sendo, neste artigo proponho desenredarmos os conceitos de
leitura de imagens e cultura visual ao sinalizar suas proximidades e distâncias
para a prática educativa. Por meio do contraste entre referenciais teóricos da
antropologia, arte, educação, história e sociologia, sugiro linhas de trabalho
em ambientes de aprendizagem com o intuito de colaborar para a refl exão que
envolve a nossa permanente formação como docentes.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Cuide de você>>>> Sophie Calle


Da universalidade da dor de amor à subjetividade da arte


104 mulheres, fora duas marionetes e uma papagaia, interpretam uma carta de rompimento que Sophie Calle recebeu, do seu então namorado Gregoire Bouille, e dão forma à dor da artista. Cuide de você, exposição no SESC Pompéia, traz interpretações textuais, traduções da carta em braile, código Morse, estenografia, código de barras e outras linguagens gráficas, além de retratos de cantoras e atrizes atuando, e filmes que registram interpretações-performance da carta
"Recebi uma carta de rompimento.E não soube respondê-la.Era como se ela não me fosse destinada.Ela terminava com as seguintes palavras: “Cuide de você”.Levei essa recomendação ao pé da letra.Convidei 107 mulheres, escolhidas de acordo com a profissão,para interpretar a carta do ponto de vista profissional.Analisá-la, comentá-la, dançá-la, cantá-la. Esgotá-la.Entendê-la em meu lugar. Responder por mim.Era uma maneira de ganhar tempo antes de romper.Uma maneira de cuidar de mim."(Sophie Calle)
Exibida pela primeira vez na Bienal de Veneza, em 2007, e, a seguir na França, no Canadá e nos Estados Unidos, Cuide de Você é um trabalho que não distingue ficção da realidade. A artista francesa, Sophie Calle, sempre predisposta a exceder seus pudores, já foi stripper em um clube no bairro de Pigalle, em Paris, e depois performer. No final da década de 70 sua atuação também incluiu outros campos de atuação como literatura, cinema, instalação e textos em série para jornal diário.
Para palpitar sobre a carta, Sophie convidou advogada, adolescente, atrizes, cantoras, consultora de etiqueta e protocolo, criminologista, jogadora de xadrez, mãe, mágica, psicanalista, vidente e muitas outras mulheres com pontos de vista diferentes.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Arte in.loco


Conviver, colaborar, produzir e expor. Quatro ações que configuram a base dessa idéia que pretende tecer um canal aberto de encontros como um laboratório de processos, instigações e possibilidades, onde o artista se arrisque em novas trilhas ou investigue antigos caminhos.


Curador para participar de todo o processo de elaboração da obra, além de estar presente no contexto de residência artística também como um viajante.