Quase tudo do pouco que conhecemos nos chega via tecnologias da informação e comunicação. Imagens para entreter, vender, com mensagens sobre o que devemos vestir, comer, aparentar, pensar. Fabris (1998) nos auxilia a compreender o interesse pelo visual no mundo contemporâneo. A autora observa que a imagem especular, própria do Renascimento, não é, apenas, resultado de uma ação artística, mas sim fruto de um cruzamento entre arte e ciência. A perspectiva é bem mais do que a aplicação de leis geométricas e matemáticas, ela é um modelo de organização e racionalização de um espaço hierárquico. É a possibilidade de estruturar o espaço a partir de um determinado ponto de vista, aquele de um sujeito onisciente, capaz de tudo dominar e determinar.
O lapso de tempo no qual o artista do Renascimento organizava uma nova visualidade coincide com o desenvolvimento da imprensa, com um novo modo de armazenar e distribuir um conhecimento interessado na preservação do passado e na difusão do presente.
Esse período buscava um novo estilo cognitivo baseado na demonstração visual. As imagens com perspectiva tentavam tornar o mundo compreensível à poderosa figura que permanecia em pé, no centro da imagem, no único ponto a partir do qual era desenhada. Esse estilo cognitivo se estendeu até a fotografia, mas como as tecnologias disponíveis no mundo contemporâneo redefinem os conceitos de espaço, tempo, memória, produção e distribuição do conhecimento, estamos em um momento que busca uma outra epistemologia e se necessitamos de outro modo de pensamento, conseqüentemente também necessitamos de outra visualidade.
As freqüentes mudanças de expressões e conceitos próprios da natureza das artes visuais na contemporaneidade podem trazer dúvidas quanto à aplicabilidade das propostas didáticas para o currículo escolar no ensino fundamental e médio baseadas em propostas como os Pcns.