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domingo, 7 de fevereiro de 2016

A economia das trocas simbólicas - Pierre Bourdieu (leitura sistematizada) - Introdução Sergio Miceli, Fevereiro 1973

A FORÇA DO SENTIDO

ESTUDO DA IDEOLOGIA E DA CULTURA. OBJETOS CRUCIAIS DAS CIÊNCIAS HUMANAS. CORRENTES TEÓRICAS, MÉTODOS DE ANÁLISE SURGIDOS NA EUROPA E NOS EUA. DESDE ETNOCIÊNCIA, ETNOMETODOLOGIA, INTERACIONALISMO SIMBÓLICO, RELEITURA DAS OBRAS DE GRAMSCI, CORRENTE ALTHUSSERIANA (LOUIS ALTHUSSER), SOCIOLOGIA SEMIOLÓGICA (ELISEU VERÓN), SOCIOLOGIA DOS SISTEMAS SIMBÓLICOS DE BOURDIEU. RELEITURA DOS CLÁSSICOS, PROBLEMÁTICA DA IDEOLOGIA COMO PREOCUPAÇÃO CENTRAL. CONFRONTO ENTRE DIFERENTES CONCEPÇÕES DE REALIDADE SOCIAL SOBRE A QUESTÃO DO SIMBOLISMO. REPOSTA PELA ANÁLISE ESTRUTURAL E INFLUÊNCIA DOS MODELOS LINGÜÍSTICOS E SEMIOLÓGICOS. REVISÃO ESTRUTURALISTA DO MARXISMO LEVADA A CABO PELOS ALTHUSSERIANOS: PRESENÇA DE UMA ORIENTAÇÃO FENOMENOLÓGICA SUBJACENTE EM TRABALHOS DESTA ÁREA NOS EUA. IMPORTÂNCIA E EFICIÊNCIA DE UMA TEORIA CIENTÍFICA: CAPACIDADE PARA FIXAR OS ELEMENTOS CONSTANTES DEIXANDO DE LADO A VARIEDADE DA APARÊNCIA.  NÃO PELO ENLEVO [DELEITE] COM O QUE HÁ DE CONSTANTE MAS COMO PASSO NECESSÁRIO DE UM PROJETO QUE ALMEJA TRANSFORMAR O EXISTENTE. PIERRE BOURDIEU: CRÍTICO ARGUTO [SAGAZ]  DA TENTAÇÃO PROFÉTICA/ TENTAÇÃO DO PROFETISMO. SEGUNDO BOURDIEU PODEMOS DISTINGUIR 2 POSTURAS PRINCIPAIS DENTRE AS ORIENTAÇÕES QUE LIDAM COM SISTEMAS DE FATOS E REPRESENTAÇÕES RECOBERTOS PELO CONCEITO DE CULTURA. 
  • A PROBLEMÁTICA KANTIANA E SEUS HERDEIROS: CASSIRER, SAPIR, DURKHEIM, LÉVI-STRAUSS. CONSIDERAM A CULTURA (E TODOS OS SISTEMAS SIMBÓLICOS-ARTE, MITO, LINGUAGEM) EM SUA QUALIDADE DE INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO E CONHECIMENTO RESPONSÁVEL PELA FORMA NODAL DE CONSENSO, INDEPENDENTEMENTE DO SIGNIFICADO DOS SIGNOS/ SIGNIFICADO DO MUNDO. LIMITAÇÃO GRAVE: PRIVILEGIAR A CULTURA COMO ESTRUTURA ESTRUTURADA, RELEGANDO AS FUNÇÕES ECONÔMICAS E POLÍTICAS DOS SISTEMAS SIMBÓLICOS. ENFATIZA A ANÁLISE INTERNA DOS BENS E MENSAGENS DE NATUREZA SIMBÓLICA. NÃO CONSEGUE DEIXAR DE SER UMA UMA TEORIA DA INTEGRAÇÃO LÓGICA E SOCIAL DE REPRESENTAÇÕES COLETIVAS. PARADIGMA: OBRA DE DUKHEIM. A INTENÇÃO CONSISTE EM LEVAR ÀS ÚLTIMAS CONSEQÜÊNCIAS O DESAFIO DE LÉVI-STRAUSS. EXPLORAR A DIMENSÃO SIMBÓLICA DO SOCIAL, A ÚNICA EM CONDIÇÕES DE INCORPORAR TODOS OS NÍVEIS DA REALIDADE.
  • DE OUTRO LADO, TENDE-SE A CONSIDERAR A CULTURA E OS SISTEMAS SIMBÓLICOS COMO UM INSTRUMENTO DE PODER E LEGITIMAÇÃO DA ORDEM VIGENTE. TRADIÇÃO MARXISTA E CONTRIBUIÇÃO DE MAX WEBER. ENXERGA A CULTURA COMO ESTRUTURA ESTRUTURANTE.A TRADIÇÃO MATERIALISTA SALIENTA O CARÁTER ALEGÓRICO DOS SISTEMAS SIMBÓLICOS NUMA TENTATIVA DE APREENDER SEU CARÁTER ORGANIZACIONAL PRÓPRIO (NÚCLEO DO PROJETO WEBERIANO) E AS DETERMINAÇÕES QUE SOFRE POR PARTE DAS CONDIÇÕES DE EXISTÊNCIA ECONÔMICA E POLÍTICA E A CONTRIBUIÇÃO SINGULAR QUE TAIS SISTEMAS TRAZEM PARA A REPRODUÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DA ESTRUTURA SOCIAL. 

ETNOMETODOLOGIA: ACESSO À CONSTRUÇÃO SOCIAL DA REALIDADE SE FAZ ATRAVÉS DO CONJUNTO DE REPRESENTAÇÕES TAL COMO SE MANIFESTAM NA CONSCIÊNCIA DO AGENTE (O QUE CONTRADIZ EM PONTOS CRUCIAIS ALGUMAS DAS EXIGÊNCIAS ESTRUTURALISTAS). TENDE A COLOCAR A QUESTÃO DOS SISTEMAS SIMBÓLICOS EM TERMOS DE MERA COMUNICAÇÃO, COMO SE OS AGENTES SOCIAIS FOSSEM SENHORES DOS SIGNIFICADOS QUE ELES MESMOS PRODUZEM E MOBILIZAM NO PROCESSO DE INTERAÇÃO. AO SE DISPOR A ENXERGAR A REALIDADE DO PONTO DE VISTA DO ATOR ESSE TRAJETO MINIMIZA OS ASPECTOS MACROSSOCIOLÓGICOS EM FAVOR DAS ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO,TIPIFICAÇÃO E ROTULAÇÃO A QUE O ATOR RECORRE NOS PROCESSOS INTERATIVOS COM QUE SE DEFRONTA. 
BOURDIEU RECONHECE A CONTRIBUIÇÃO DA CIÊNCIA ESTRUTURALISTA POIS PROPICIOU OS INSTRUMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS PARA DESCOBRIR A LÓGICA IMANENTE DE UM BEM SIMBÓLICO.  POR OUTRO LADO BOURDIEU CRITICA A SEMIOLOGIA PORQUE APLICA A QUALQUER OBJETO A TEORIA DO CONSENSO (QUESTÃO DO SENTIDO).

CIÊNCIA OBJETIVISTA, CUJO PARADIGMA MAIS RECENTE É O DA HERMENÊUTICA ESTRUTURALISTA, ASSUME UM PONTO DE VISTA ABSOLUTO QUE NÃO SE ATÉM AOS ESQUADROS DO OBSERVADOR/OBSERVADO, ACREDITA NA ILUSÃO DA CIÊNCIA COMO UMA ESPÉCIE DE ESPECTADOR DIVINO. SAUSSURE ENTENDE A LÍNGUA COMO OBJETO AUTÔNOMO E IRREDUTÍVEL ÀS SUAS ATUALIZAÇÕES, AOS ATOS DE FALA QUE TORNA POSSÍVEIS. A LÍNGUA: SISTEMA DE RELAÇÕES OBJETIVAS IRREDUTÍVEL ÀS PRÁTICAS ATRAVÉS DAS QUAIS  SE REALIZA E SE MANIFESTA E ÀS INTENÇÕES DOS SUJEITOS E À CONSCIÊNCIA QUE PODEM TOMAR DE SUAS INJUNÇÕES E DE SUA LÓGICA. AS PRÁTICAS OU AS OBRAS ENQUANTO FATOS SIMBÓLICOS, QUE É PRECISO DECIFRAR. OU AINDA A PREFERÊNCIA EM TRATÁ-LAS ENQUANTO OBRAS PRONTAS E NÃO ENQUANTO PRÁTICAS. BOURDIEU: A FALA APARECE COMO A CONDIÇÃO DA LÍNGUA, TANTO DO PONTO DE VISTA INDIVIDUAL COMO COLETIVO, UMA VEZ QUE A LÍNGUA NÃO PODE SER APREENDIDA FORA DA FALA, E PORQUE SUA APRENDIZAGEM SE REALIZA ATRAVÉS DA FALA, ORIGEM DAS INOVAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES POR QUE PASSA A LÍNGUA.

ÓPTICA QUE PRIVILEGIA AS CONDIÇÕES LÓGICAS DO DECIFRAMENTO ONDE A LÍNGUA APARECE COMO CONDIÇÃO DE INTELIGIBILIDADE DA FALA. PERSPECTIVA QUE PRIVILEGIA AS RELAÇÕES QUE OS SIGNOS MANTÊM ENTRE SI (SUA ESTRUTURA) EM DETRIMENTO DE SUAS FUNÇÕES PRÁTICAS QUE DEVEM ABRANGER SUAS FUNÇÕES DE COMUNICAÇÃO/CONHECIMENTO COMO SUAS FUNÇÕES POLÍTICAS E ECONÔMICAS. CONSEQÜÊNCIA GRAVE DESSA POSTURA: PERIGOS DO ETNOCENTRISMO QUE AMEAÇAM O OBSERVADOR. LÍNGUA: CONDIÇÃO PRIMEIRA DO DISCURSO, TANTO SUA PRODUÇÃO COMO AS POSSIBILIDADES ABERTAS A SEU DECIFRAMENTO. ISSO SUPÕE, UMA COINCIDÊNCIA TOTAL ENTRE:

  • A COMPETÊNCIA QUE O AGENTE MOBILIZA EM SEU DISCURSO E EM SUA PRÁTICA E 
  • A COMPETÊNCIA MOBILIZADA PELO OBSERVADOR EM SUA PERCEPÇÃO DO DISCURSO/E DA PRÁTICA. 
EM TODOS OS CASOS EM QUE NÃO SE DÁ TAL PARALELISMO (NA MAIORIA DOS CASOS) SUCEDE UM ERRO QUANTO AO CRIVO, QUE O OBSERVADOR ADOTA PARA DECIFRAR O DISCURSO/E A PRÁTICA. BOURDIEU ACABA PRIVILEGIANDO AS FUNÇÕES SOCIAIS CUMPRIDAS PELOS SISTEMAS SIMBÓLICOS, AS QUAIS TENDEM A SE TRANSFORMAREM EM FUNÇÕES POLÍTICAS NA MEDIDA EM QUE A FUNÇÃO LÓGICA DE ORDENAÇÃO DO MUNDO SUBORDINA-SE ÀS FUNÇÕES SOCIALMENTE DIFERENCIADAS DE DIFERENCIAÇÃO SOCIAL E DE LEGITIMAÇÃO DAS DIFERENÇAS. AS CRÍTICAS DE BOURDIEU SE DIRIGEM:
  • AOS QUE ACREDITAM QUE A SOCIOLOGIA DOS FENÔMENOS SIMBÓLICOS NÃO PASSA DE UM CAPÍTULO DA SOCIOLOGIA DO CONHECIMENTO E NADA TEM A VER COM O SISTEMA DE PODER. PRIVILEGIAMENTO DE SUA SINTAXE. "SUA MANEIRA DE FALAR" EM DETRIMENTO "DO QUE SE FALA".

  • AOS QUE A ENTENDEM EM TERMOS DE UMA DIMENSÃO DA SOCIOLOGIA DO PODER PARA A QUAL OS SISTEMAS SIMBÓLICOS NÃO POSSUEM UMA REALIDADE PRÓPRIA. PRIVILEGIAMENTO DA TEMÁTICA DAS DIVERSAS LINGUAGENS SIMBÓLICAS. 
PARA SUPERAR ESSE CONFLITO: CONHECIMENTO DOS PRINCÍPIOS QUE SUSTENTAM A EFICÁCIA PRÓPRIA DOS SÍMBOLOS E LHES CONFEREM UM PODER EXTERNO (POLÍTICO). AMBAS AS TENDÊNCIAS ACABAM CONCEDENDO UM ESPAÇO BEM DELIMITADO À EXPERIÊNCIA OU À VONTADE DO AGENTE SOCIAL, REFORÇANDO O PESO EXPLICATIVO DAQUILO QUE MANIFESTA ACERCA DA REALIDADE. HANS PETER DREITZE : CONCEITO DE NEGOCIAÇÃO DOS PROCESSOS DE INTERPRETAÇÃO E TIPIFICAÇÃO A QUE RECORREM OS AGENTES ENVOLVIDOS NUMA DADA SITUAÇÃO, LEVA A CONSIDERAR O ATOR COMO SEDE ÚLTIMA DO SENTIDO E DA SIGNIFICAÇÃO. A ESTRUTURA SOCIAL SURGE COMO SE ESTIVESSE FUNDADA NOS PROCEDIMENTOS INTERPRETATIVOS DE SEUS MEMBROS. "IF MEN DEFINES A SITUATION AS REAL, IT IS REAL IN ITS COSEQUENCES".OS SÍMBOLOS E SIGNIFICADOS VIGENTES POSSUEM UM PESO DE REALIDADE EFETIVA. IDEOLOGIA = AUTONOMIA RELATIVA. AS DEFINIÇÕES DE QUE O AGENTE É CONSTRUTOR OU PORTADOR DÃO CONTA DO PROCESSO GLOBAL DE INTERAÇÃO. PAPEL CRUCIAL QUE O ELEMENTO VONTADE DESEMPENHA NA CONCEPÇÃO DE GRAMSCI NO TOCANTE À IDEOLOGIA. AFORA OS PROBLEMAS ATINENTES [QUE DIZEM RESPEITO A] À RELAÇÃO QUE SE INSTAURA ENTRE OBSERVADOR E INFORMANTE NO CURSO DA PESQUISA - PROBLEMÁTICA RECORRENTE NOS TRABALHOS DE INÚMERAS CORRENTES ANTROPOLÓGICAS QUE LIDAM COM REPRESENTAÇÕES, VALORES E CRENÇAS - A VALORIZAÇÃO DA DIMENSÃO SIMBÓLICA OU IDEOLÓGICA DOS PROCESSOS SOCIAIS LIGA-SE A UMA ÊNFASE QUANTO ÀS DETERMINAÇÕES ESPECÍFICAS DO SISTEMA DE DOMINAÇÃO (WEBER/ GRAMSCI). PRIVILEGIAMENTO EXCESSIVO DOS MODOS PELOS QUAIS O AGENTE ORDENA A REALIDADE QUE O ENVOLVE. UM TRAÇO COMUM ENTRE AS DISTINTAS DIREÇÕES ASSUMIDAS POR AMBAS AS LINHAS DE INVESTIGAÇÃO, É A SUSPENSÃO DE ESQUEMAS RÍGIDOS DE EXPLICAÇÃO, MORMENTE [SOBRETUDO] OS DE TIPO ECONOMICISTA. CONTRIBUIÇÃO WEBERIANA: SENTIDO DE PRIVILEGIAR O EXAME DAS CONDIÇÕES ECONÔMICAS E POLÍTICAS QUE PRESIDEM À FORMAÇÃO DE APARELHOS DE PRODUÇÃO SIMBÓLICA INSTITUCIONALIZADOS. GRAMSCI: OSCILAÇÕES ENTRE A RECUSA DO MATERIALISMO MECÂNICO/FATALISTA E A TENTATIVA DE LIVRAR-SE DE UMA CONCEPÇÃO VOLUNTARISTA DO PROCESSO HISTÓRICO EM QUE OS FATORES POLÍTICOS E IDEOLÓGICOS TERIAM LUGAR DE PESO.TENTATIVA DE ELABORAR UMA TEORIA REGIONAL DOS FATOS CULTURAIS CAPAZ DE COMPATIBILIZAR AS CONTRIBUIÇÕES DOS FUNDADORES (MARX, WEBER E DURKHEIM) - NUM ESFORÇO DE COMPENSAR AS CARÊNCIAS E OMISSÕES DERIVADAS DA PERSPECTIVA UNILATERAL QUE ASSUMIRAM - MUITOS PODERIAM APRESSADAMENTE, QUALIFICAR TAL PROJETO DE ECLÉTICO, PLURALISTA, SINCRÉTICO, E ATÉ MESMO PENSAR EM BRICOLAGE [ATIVIDADES EM QUE VOCÊ MESMO REALIZA PARA SEU PRÓPRIO USO E CONSUMO, EVITANDO DESTE MODO O EMPREGO DE UM SERVIÇO PROFISSIONAL]. O QUE BOURDIEU PRETENDE É RETIFICAR A TEORIA DO CONSENSO POR UMA CONCEPÇÃO TEÓRICA CAPAZ DE REVELAR AS CONDIÇÕES MATERIAIS E INSTITUCIONAIS QUE PRESIDEM À CRIAÇÃO E À TRANSFORMAÇÃO DE APARELHOS DE PRODUÇÃO SIMBÓLICA CUJOS BENS DEIXARAM DE SER VISTOS COMO MEROS INSTRUMENTOS DE COMUNICAÇÃO/CONHECIMENTO. UMA VEZ QUE OS SISTEMAS SIMBÓLICOS DERIVAM SUAS ESTRUTURAS DA APLICAÇÃO SISTEMÁTICA DE UM SIMPLES PRINCIPIUM DIVISIONIS E PODEM ORGANIZAR A REPRESENTAÇÃO DO MUNDO NATURAL E SOCIAL DIVIDINDO-O EM TERMOS DE CLASSES ANTAGÔNICAS.

"UMA VEZ QUE FORNECEM TANTO O SIGNIFICADO QUANTO UM CONSENSO EM RELAÇÃO AO SIGNIFICADO ATRAVÉS DA LÓGICA DE INCLUSÃO/EXCLUSÃO, ENCONTRAM-SE PREDISPOSTOS POR SUA PRÓPRIA ESTRUTURA A PREENCHER FUNÇÕES SIMULTÂNEAS DE
  • INCLUSÃO E EXCLUSÃO
  • ASSOCIAÇÃO E DISSOCIAÇÃO
  • INTEGRAÇÃO E DISTINÇÃO
SOMENTE NA MEDIDA EM QUE TEM COMO SUA FUNÇÃO LÓGICA E GNOSIOLÓGICA A ORDENAÇÃO DO MUNDO E A FIXAÇÃO DE UM CONSENSO A SEU RESPEITO, É QUE A CULTURA DOMINANTE PREENCHE SUA FUNÇÃO IDEOLÓGICA - ISTO É POLÍTICA - DE LEGITIMAR UMA ORDEM ARBITRÁRIA. É PORQUE ENQUANTO UMA ESTRUTURA ESTRUTURADA ELA REPRODUZ SOB FORMA TRANSFIGURADA E, PORTANTO, IRRECONHECÍVEL, A ESTRUTURA DAS RELAÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS PREVALECENTES. ENQUANTO UMA ESTRUTURA ESTRUTURANTE (COMO UMA PROBLEMÁTICA) A CULTURA PRODUZ UMA REPRESENTAÇÃO DO MUNDO SOCIAL IMEDIATAMENTE AJUSTADA À ESTRUTURA DAS RELAÇÕES SÓCIO-ECONÔMICAS QUE DORAVANTE, PASSAM A SER PERCEBIDAS COMO NATURAIS E DESTARTE, PASSAM A CONTRIBUIR PARA A CONSERVAÇÃO SIMBÓLICA DAS RELAÇÕES DE FORÇAS VIGENTES."

O PERÍODO TRANSCRITO SINTETIZA BEM A CONCEPÇÃO DA CULTURA SUBJACENTE À SOCIOLOGIA DOS FATOS SIMBÓLICOS.  ÓPTICA DA REPRODUÇÃO MEDIANTE A QUAL A SOCIOLOGIA DA CULTURA SE CONSTITUI COMO CIÊNCIA DAS RELAÇÕES ENTRE A REPRODUÇÃO SOCIAL E A REPRODUÇÃO CULTURAL, VALE DIZER, DE QUE MANEIRA AS RELAÇÕES ENTRE OS GRUPOS/AS CLASSES OBEDECEM A UMA LÓGICA QUE SE REPRODUZ DE FORMA DISSIMULADA NO PLANO DAS SIGNIFICAÇÕES. CONTUDO, ANTES QUE SE POSSA ATRIBUIR À CULTURA UMA FUNÇÃO EXTERNA, CONVÉM CONHECER OS APARELHOS DE PRODUÇÃO SIMBÓLICA ONDE SE CONSTITUEM SUAS LINGUAGENS E REPRESENTAÇÕES E POR MEIO DOS QUAIS ELA GANHA UMA REALIDADE PRÓPRIA. ANTES DE PODER APONTAR A DISSIMULAÇÃO QUE A CULTURA OPERA, É PRECISO DAR CONTA DOS DOMÍNIOS MAIS OU MENOS AUTÔNOMOS DO CAMPO SIMBÓLICO CUJA ORGANIZAÇÃO INTERNA DETERMINA O CARÁTER PROPRIAMENTE SIMBÓLICO QUE OSTENTAM OS BENS AÍ PRODUZIDOS.    

UMA VEZ QUE A CULTURA SÓ EXISTE EFETIVAMENTE SOB A FORMA DE SÍMBOLOS, DE UM CONJUNTO DE SIGNIFICANTES/SIGNIFICADOS, DE ONDE PROVÉM SUA EFICÁCIA PRÓPRIA, A PERCEPÇÃO DESSA REALIDADE SEGUNDA, PROPRIAMENTE SIMBÓLICA,  QUE A CULTURA PRODUZ E INCULCA [GRAVAR, IMPRIMIR NO ESPÍRITO DE ALGUÉM], PARECE INDISSOCIÁVEL DE SUA FUNÇÃO POLÍTICA. ASSIM COMO NÃO EXISTEM PURAS RELAÇÕES DE FORÇA, TAMBÉM NÃO HÁ RELAÇÕES DE SENTIDO QUE NÃO ESTEJAM REFERIDAS E DETERMINADAS POR UM SISTEMA DE DOMINAÇÃO. IMPORTA IDENTIFICAR AS RELAÇÕES DE SENTIDO, MODALIDADE COM QUE AS RELAÇÕES DE FORÇA SE MANIFESTAM. NA REDUÇÃO DO SENTIDO À FORÇA AS RELAÇÕES DE CLASSE REVELAM SEU FUNDAMENTO, AO PASSO QUE A METAMORFOSE DA FORÇA EM SENTIDO REFORÇA COMO UMA FORÇA PRÓPRIA O CARÁTER ARBITRÁRIO DAS RELAÇÕES DE CLASSE ENQUANTO RELAÇÕES DE FORÇA. PARA ALÉM DAS REPRESENTAÇÕES QUE OS AGENTES INCORPORAM, CAPAZES DE PROPICIAR JUSTIFICATIVAS SIMBÓLICAS PARA A POSIÇÃO QUE OCUPAM, O OBSERVADOR DEVE RECONSTRUIR O SISTEMA COMPLETO DE RELAÇÕES SIMBÓLICAS E NÃO-SIMBÓLICAS, OU SEJA, AS CONDIÇÕES DE EXISTÊNCIA MATERIAL E A HIERARQUIA SOCIAL DAÍ RESULTANTE. O TRAJETO DE BOURDIEU VISA ALIAR O 
  • CONHECIMENTO DA ORGANIZAÇÃO INTERNA DO CAMPO SIMBÓLICO, CUJA EFICÁCIA RESIDE JUSTAMENTE NA POSSIBILIDADE DE ORDENAR O MUNDO NATURAL E SOCIAL ATRAVÉS DE DISCURSOS, MENSAGENS, REPRESENTAÇÕES - QUE NÃO PASSAM DE ALEGORIAS QUE SIMULAM A ESTRUTURA REAL DE RELAÇÕES SOCIAIS
  • A UMA PERCEPÇÃO DE SUA FUNÇÃO IDEOLÓGICA E POLÍTICA E LEGITIMAR UMA ORDEM ARBITRÁRIA EM QUE SE FUNDA O SISTEMA DE DOMINAÇÃO VIGENTE
TAL SOLUÇÃO LIGA-SE A UMA DETERMINADA IMAGEM DA SOCIEDADE E, EM PARTICULAR, DA SOCIEDADE CAPITALISTA CUJO DESENVOLVIMENTO BASEIA-SE NUMA DIVISÃO DO TRABALHO ALTAMENTE COMPLEXA E DIFERENCIADA A QUE CORRESPONDE UMA SOCIEDADE DE CLASSES, CUJAS POSIÇÕES RESPECTIVAS E CUJO PESO RELATIVO ENCONTRAM SEU FUNDAMENTO NAS FORMAS PELAS QUAIS SE REPARTE, DE MANEIRA DESIGUAL, O PRODUTO DO TRABALHO, SOB AS MODALIDADES DE CAPITAL ECONÔMICO E CULTURAL. DO ÂNGULO DA REPRODUÇÃO, A CONCEPÇÃO DE UM CAMPO SIMBÓLICO DOTADO DE AUTONOMIA RELATIVA ENVOLVE UMA REGIONALIZAÇÃO DA REALIDADE SOCIAL CUJOS FUNDAMENTOS DERIVAM TANTO DE UM PROCESSO HISTÓRICO SINGULAR QUANTO DE CATEGORIAS AÍ PRODUZIDAS QUE PASSAM A INFORMAR E JUSTIFICAR O PRINCÍPIO DE DIFERENCIAÇÃO EM QUE SE APÓIA UMA DETERMINADA CONCEPÇÃO TEÓRICA. IMPLICA UMA IMAGEM DO CAMPO DAS RELAÇÕES DE CLASSE QUE, NESTE CASO, É ENTENDIDA SEGUNDO A FORMULAÇÃO WEBERIANA, UM SISTEMA DE CONDIÇÕES E POSIÇÕES DE CLASSE. EXIGE UM CONJUNTO DE INSTRUMENTOS E MÉTODOS DE ANÁLISE ADEQUADAS AOS ALVOS DA EXPLICAÇÃO A QUE SE PROPÕE. A INTENÇÃO AQUI É DAR ALGUMAS INDICAÇÕES A RESPEITO DAS FORMAÇÕES TEÓRICAS CUJA PRESENÇA APARECE SIGNIFICATIVA PARA A COMPREENSÃO RIGOROSA DE UM SISTEMA DE CONCEITOS COMO ESTE, NÃO HAVENDO, QUALQUER PRETENSÃO DE FORMULAR UM QUADRO TEÓRICO SUBSTANTIVO. NESTE SENTIDO, O CAMINHO ADEQUADO TALVEZ SEJA RETORNAR ALGUNS ELEMENTOS DA TRADIÇÃO DO PENSAMENTO SOCIOLÓGICO A QUE O AUTOR SE FILIA, MATRIZ DE SUA CONCEPÇÃO SINGULAR DO CAMPO SIMBÓLICO.